Novo texto de Bert Hellinger:
O COTIDIANO
O cotidiano é a vida em essência. A vida acontece dentro do nosso cotidiano, de momento a momento. Isto quer dizer: nós experienciamos a nossa vida sempre somente agora. Para onde vai a nossa atenção via de regra? Ela se direciona para o Agora? Ou ela se precipita à frente do momento, o que esperamos, em direção a algo que ainda não existe? O que então acontece com o nosso Agora? O vivemos? Ou o perdemos? Nós o sacrificamos por uma expectativa que ainda não se cumpriu? Vivemos o cotidiano? Fazemos a experiência da sua plenitude? A vida plena acontece no momento, muitas vezes sem que nos centramos nele.
Isto é: nós o perdemos, sem tê-lo. Se permanecemos no momento, entramos em harmonia com a nossa vida, assim como ela acontece. Por exemplo, respiramos conscientemente e experienciamos a unidade com algo maior, que respira junto conosco.
Algo parecido experienciamos quando comemos ou bebemos de forma centrada. Nós degustamos de forma diferente e, através daquilo que é imediato, diante de nós, somos um, também com aquilo de onde procede. Ao mesmo tempo nos sentimos conectados com todos que plantaram, colheram, venderam e prepararam a comida.
De um forma profunda nos sentimos unidos com a terra, onde ela cresceu, e com o sol, cuja luz e cujo calor tomaram forma nela, assim que nós também encontramos calor que nos mantém vivos, e o brilho e a luz, através dos quais percebemos que beleza e plenitude nos cerca. Somente dentro do momento, quando degustamos a comida de forma centrada, experienciamos, através dela, a vida plena.
Algo pode ser comparado ao cotidiano centrado, que o ultrapassa? Algo pode ser mais que o nosso cotidiano? Ou a sua plenitude foge para um nada vazio? Muitos falam do seu cotidiano de uma maneira como se ele fosse ordinário.
Eles esperam por algo especial, que o ultrapassa. Quando algo especial chega, o vivenciamos somente dentro do nosso cotidiano. Somente dentro do nosso cotidiano podemos nos alegrar. Isso enriquece o nosso cotidiano. Dentro do nosso cotidiano somos constantemente levados para algo especial, desde que o notamos.
Por exemplo um insight pessoal que nos chama atenção, ou uma inspiração que nos faz saber de algo que nós ou outros precisam.
Estas inspirações são presentes da vida. Elas nos possibilitam agir de uma forma que serve ao amor e à felicidade de muitos. Se imaginamos que deixássemos o cotidiano para trás, para sermos iluminados além dele, então tal iluminação tem algum valor?
Principalmente, quando esperamos por ela uma vida inteira?
A iluminação decisiva vem dentro do cotidiano, desde que nós o vivemos dentro da sua plenitude. Manter-se no momento dentro do cotidiano tem um outro efeito positivo. Nós ficamos em harmonia com outros, principalmente com aqueles que compartilham a suas vidas conosco.
O grande amor tem sucesso no cotidiano, desde que nós damos a ele todo o tempo, o tempo no agora. Alguns esperam pelo céu e a felicidade plena além do cotidiano. Porém já estamos no céu agora. Agora dentro do cotidiano do amor, dentro do amor centrado por tudo aquilo que ele nos dá em cada momento. Com este amor no momento dentro do nosso cotidiano já temos o céu agora, o céu na terra. (De René Schuber do Facebook)
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