terça-feira, 3 de setembro de 2019

Ajudar 

é perigoso, pois pode ser uma intervenção no movimento de uma outra alma e pode perturbar esse movimento. Portanto, quando desejo ajudar, devo primeiro entrar em harmonia com a alma do outro e aguardar que a sua alma entre em harmonia com a minha, até que ambas estejam na mesma vibração.

Então, posso conduzi-lo em harmonia com a minha alma e com a dele, somente como acompanhante de sua alma e somente até onde a sua alma e a minha permitirem.

Ao ajudar, posso sentir se estou em harmonia com minha alma se durante a ajuda puder estar absolutamente calmo e puder parar a qualquer momento.

Quando avanço em demasia, percebo que minha alma se retrai, que ela fica irrequieta, que começo a pensar ao invés de agir. Então, não estou mais em harmonia com minha alma nem em harmonia com a alma do outro.

Quando o outro ficar irrequieto, sei que ele também não está em harmonia com a sua alma. Então, paro imediatamente.

Às vezes, quando quero ou preciso ajudar alguém, quando as circunstâncias me obrigam inexoravelmente, percebo que devo empreender passos que são perigosos e, para isso, é necessário coragem.

Esses passos são perigosos à medida que sei que uma outra pessoa que está presente, porém que não está em harmonia com a sua alma, possa mais tarde me repreender, talvez até me acusar, porque estou fazendo algo que ele(a) julga ser errado, apesar de ele(a) mesmo(a) não se comprometer com o que o cliente necessita e quer.

Então talvez comece uma disputa de poder comigo às custas do cliente e sacrifique o bem do cliente à sua concepção. Frequentemente encontramos isso naquelas pessoas que pertencem a uma escola específica e que constroem suas teorias, em parte, sobre dogmas.

Então exigem de mim que compartilhe desses dogmas e os siga, apesar da realidade imediata não os justificarem.

Portanto, por um lado o ajudar necessita da harmonia e, por outro, da coragem. Necessita também da prontidão para interromper onde a harmonia cessar, pois não sabemos o que é apropriado para cada indivíduo.

Quando a harmonia cessa, a ajuda também deve cessar. Então, desistimos do ajudar.

Quando me sinto responsável por alguém depois de tê-lo ajudado, dentro dos limites que ressaltei, passo a exercer um papel que não me cabe. De repente sou para ele pai ou mãe, talvez entre em concorrência com seu pai e com sua mãe e, com isso, fico paralisado.

Portanto, a ajuda também deve estar em harmonia com o pai, a mãe e a família. Dentro desse contexto o ajudar não atinge somente o cliente: atinge também sua família e, através da harmonia com sua família, ganha uma força especial.

Bert Hellinger

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