quarta-feira, 19 de março de 2014

Os maus e os bons na família

""Há algo mais a ter em conta. Algumas pessoas são excluídas de um sistema porque se diz que elas não são dignas, por exemplo, alguém que é jogador ou alcoólico, homossexual ou criminoso. Sempre que uma pessoa é excluída desta forma, por alguns dizerem

eu tenho mais direito a pertencer do que ele ou ela”,

 o sistema fica perturbado e faz pressão para que haja uma reconstrução ou reparação do mesmo. Porque aquele que foi separado ou excluído desta maneira, será imitado numa geração mais à frente por um descendente, sem que este se dê conta. Este descendente vai sentir-se como o excluído se sentiu, comportar-se como ele se comportou e frequentemente acaba como ele.

Nas constelações familiares dá-se a curiosa observação de que em relação ao bem e ao mal, aquilo que se manifesta é geralmente o inverso daquilo que se apresenta.

 Aquele que é indicado como sendo o bom frequentemente se verifica ser o mau e aquele que é considerado o mau verifica-se que é o bom, de quem emana uma força positiva. Por esse motivo, só é possível fazer terapia sistémica quando os excluídos e os maus são tomados no coração e tratados com respeito.

Estranhamente, no instante em que o faço ganho a confiança de todos os outros membros do sistema. Instintivamente sentem confiança em mim. Contudo, se eu me cinjo àquilo que ouço e digo ao cliente:

 agora diz ao teu pai ou ao teu tio de uma vez por todas que ele é um canalha, ou ao pai que abusou de ti que ele é um sujeito mau,



 já ninguém do sistema sente confiança no terapeuta. As soluções conseguem-se somente mediante o amor. Uma vez compreendidas estas dinâmicas, a única coisa que se pode fazer é trabalhar colocando o amor na dianteira.

Para isto há uma única solução. É necessário voltar a incluir no sistema aquele que foi considerado mau e reconhecer que ele tem o mesmo direito de pertença que os outros. E há que dizer-lhe:

   “cometemos uma injustiça contigo e temos pena de o termos feito”.

 Imediatamente será possível ver que é justamente da pessoa que tinha sido excluída que emana uma força grande e positiva para os descendentes. Essa pessoa torna-se uma espécie de patrono para eles.""

Bert Hellinger In “El Manancial no Tiene que Preguntar por el Camino
Editora: Alma Lepik, Buenos Aires
Tradução do castelhano – Eva Jacinto
http://www.cf-evajacinto.pt/
http://www.cf-evajacinto.pt/

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