sexta-feira, 20 de setembro de 2019

Constelação familiar: reflexões sobre a morte


As ordens do Amor Maior vêm nos esclarecer que as constelações familiares levam em consideração os vivos, mas antes de tudo, os mortos. Verifica-se essa verdade principalmente em tradições espirituais orientais, quando a família respeita e honra os membros falecidos para que estejam sempre presentes.

Todas as lembranças daqueles que já se foram, até as dos bisavós, afetam a família atual na forma de sintomas psicossomáticos, psicopatológicos, interpessoais e existenciais etc, principalmente os que foram esquecidos e excluídos da ordem familiar.

Tais lembranças com respeito e honraria é uma forma de promover aos antepassados sempre o direito ao pertencimento, pois, caso contrário baterão às portas mentais e anímicas reivindicando o lugar que lhes pertence. O que queremos dizer que todas as histórias geracionais devem ser honradas e incluídas no fundo de nossas almas, para que nós e eles tenham paz.

Quando os excluídos (não aceitar no tempo de cada um o falecimento de um ente querido por exemplo, é como se a morte do falecido imputará dores e doenças nos que ficam, como se a morte tivesse disso em vão) e os temidos (famílias com pais déspostas, desajustados) ocupam seus lugares na mente dos seres da geração presente, deles emana poder de cura e algo de bom não causando mais perturbação. Aceitos os mortos e suas mortes eles se retiram e a paz reina.

É patente verificar que na relação terapêutica, tratando de pacientes enlutados, enquanto não integram a seu modo, a seu tempo o evento morte do ente querido, não há paz no sistema íntimo e extra familiar, a explicitar. Podemos exemplificar alguns sentimentos e pensamentos de não integração do evento morte:

Muitas vezes, a dor da perda é mais CULPA do que pela perda de alguém, separando como o enlutado sente de fato de como ele acha que deveria estar sentindo, exemplos: o enlutado não falou tudo que amava, o último contato foi de briga entre o enlutado e o falecido, pode ter facilitado a morte com uma briga, deixar de valorizar o outro o quanto devia, não cuidou o suficiente, achar que se tivesse feito mais o falecido estaria vivo, não sentiu dor por ter perdido, não aprendeu a separar o que dependia de você o que não para salvar ou ajudar o ente que se foi. 

A dor outra vezes é a PERDA DO SENTIDO OU SIGNIFICADO DA VIDA: o tempo antes utilizado para ficar com a pessoa falecida deixou agora um vazio, perda do sonho ou fantasia de vida perfeita ou do que foi, percepção de que não aproveitou bem a vida com o falecido, perda de referência para a vida que só o falecido dava, a morte do outro coloca-me diante da mortalidade, não saberei ter prazeres agora em diante na vida, pois somente o falecido me dava ou resolvia meus problemas, ter que educar os filhos mais ou menos sozinho, e não aprendeu a fazer por si o que o falecido fazia.

Na ótica da Psicologia Integral – Profunda - Espiritual, uma atitude diante da inevitabilidade da morte: Reservar espaços mentais para cultivar desapegos de coisas e pessoas, posições sociais. Extravasar a dor pela perda lembrando dos momentos bons vividos com o falecido, com ternura, oração para crescer intimamente.

Bom lembrar: A vida não é algo extraordinário em relação à morte. Ambos são movimentos da existência. A vida só é o que ainda me resta pela frente. Nem é melhor nem pior que a morte, MAS SEI QUE O TODO, PARA O QUAL TUDO CONFLUI, ESTÁ ALÉM DA VIDA.

BIBLIOGRAFIA DE BASE: Curso Avançado em Hipnose Ericksoniana – Instituto Milton Erickson de Campo Grande MS e São Paulo.

HELLINGER, BERT: Constelações Familiares. O reconhecimento das ordens do amor. Edit. Cultrix, 1996.


Psicólogo Clínico – CRP 14/44122, Hipnoterapeuta, Prof. Univ. Estadual do MS. (luiz.tadeu@uems.br)

Nenhum comentário:

Postar um comentário