sábado, 24 de agosto de 2019











O vínculo entre parceiros exige que o homem deseje a mulher como mulher e que a mulher deseje o homem como homem. O vínculo não se estreita completamente quando os parceiros se desejam por motivos diferentes: por passatempo ao adorno, como
provedores, por ser um deles rico ou pobre, católico ou protestante, judeu ou muçulmano; porque um quer conquistar, proteger, melhorar ou salvar o outro; porque um quer que o outro seja, sobretudo, pai ou mãe de seus filhos. 

Parceiros que se juntam com esses objetivos em vista não consolidam uma união capaz de resistir a crises graves. Se o homem continua a ser um filho em busca de uma mãe e a mulher continua a ser uma filha em busca de um pai, suas relações, embora afetuosas, não são relacionamentos de homens e mulheres adultos.

 As pessoas que estabelecem relacionamentos na esperança, reconhecida ou não, de que ganharão algo que não recebem do pai ou da mãe, estarão, na verdade, procurando pais."
Bert Hellinger




A "Não-Ação" do Terapeuta - Bert Hellinger
Um critério importante para o respeito é não querer curar nem salvar, atitude na qual encontramos grandes modelos. Mas é um bem comum da humanidade o compreender que a pessoa pode atuar através de sua mera presença, uma presença ativa, sem intervir. Trata-se de uma força concentrada que atua através da não ação, uma atitude que não tem nada a ver com o retirar-se. A abstenção não aporta nada. No “Tao Te King”, de Lao Tse, essa atitude está muito bem descrita.
Há uma observação curiosa nas terapias: se ao terapeuta ocorre o que poderia ajudar e ele se abstém de dizer, a idéia ocorrerá ao paciente. Às vezes é mais fácil encontrar uma solução se o terapeuta renuncia a ela. Tampouco está em suas mãos influir no que os pacientes fazem com o que ele diz. A qualidade que distingue uma boa terapia é a ausência de intenções e de fins por parte do terapeuta, isto significa que eu, até certo grau, renuncio a exercer uma influencia.
INTUIÇÃO, AMOR E RESPEITO
Distingo, rigorosamente, a percepção da observação. A observação conduz a conhecimentos parciais unidos a uma perda da visão global. Se observo o comportamento de uma pessoa, vejo tão só detalhes e a pessoa me escapa. Se, ao contrario, me exponho à percepção, se me escapam os detalhes, imediatamente capto o essencial, o núcleo; tudo a serviço do outro.
A percepção de outra pessoa unicamente é possível se me abro a ela desinteressadamente e disponho a relacionar-me. Desta maneira se desenvolve um laço muito íntimo, acompanhado, apesar de tudo, do mais alto respeito e de uma certa distância. A condição prévia é que a pessoa seja apreciada como especial e que não se estabeleça nenhuma norma a que tenha que subordinar-se. Aqui não se trata de correto ou falso, mas sim de encontrar ajuda e soluções. Em minha imaginação tenho a liberdade de julgar, mas enquanto percebo o outro levando em conta seus interesses, esta liberdade deixa de existir.
A percepção, portanto, unicamente pode ser afetiva se se refere à soluções. No que concerne aos diagnósticos, fracassa imediatamente, a não ser que os diagnósticos estejam inteiramente a serviço da solução. Toda intervenção que não se una às forças de desenvolvimento, por exemplo, fazendo suposições ou menosprezando a outros, tem um efeito contraproducente.
O curioso é que uma pessoa a quem comunico o percebido se transforma ante meus olhos. A percepção, portanto, é um processo criativo com um certo efeito. Tudo isso abriga mistérios que não compreendo, mas que podem ver e serem aproveitados.
Para a percepção o essencial é a realização de um ato e não a verdade. Sempre se trata de saber “o que faço agora?” “o que é possível?”. Isto é o que como terapeuta faço para o outro, ou seja, enquanto ele me relata algo, eu me pergunto “O que é adequado agora?”. Dessa maneira estou em contato com algo maior: não pretendo ajudar, senão que vejo todo o contexto de uma ordem.
Assim, é a intuição que atua, cheia de amor e respeito.
                                                  Criança e adulto
"Muitos pais se preocupam com seus filhos. Alguns então, vem a mim com os seus filhos. Com quem eu trabalho, então? É claro que com os pais. As crianças carregam algo para seus pais. Quando eu finalizo o trabalho com os pais, as crianças seguem então bem.
Muitas mães têm uma relação especial com a filha, com uma de suas filhas. Esta filha tornou-se muito difícil. Por quê? Porque esta filha deve representar a mãe da mãe. Então a mãe esperar de sua filha a mesma coisa que esperaria de sua própria mãe. Desta forma a filha se preocupa e cuida de sua mãe, ao invês da mãe cuidar e se preocupar de sua filha. Isso acontece quando a mãe não reconheceu e atentou à sua própria mãe, onde ela não tomou de sua própria mãe. Em seguida, esta dinamica se desloca para a criança.
Recentemente, uma mãe veio com seu filho de cinco meses de idade, e sentou-se ao meu lado. Ela manteve o filho em frente ao seu estômago. Eu disse-lhe: "Olhe atravez da criança, olhe para o além dela...olhe para muito além desta". Então a criança (cinco meses) respirou profundamente - olhou para mim e sorriu.
Assim, muitos pais que estão preocupados com seus filhos podem olhar para além das crianças, para o destino distante destas e, aceitar esse destino. Os pais de fato não possuem nenhum poder sobre o destino. Mas muitas vezes eles se comportam como se tivessem esse poder. Desta maneira, eles intervem no destino da criança, ao invês de aceitar e respeitar o destina tal como é."
Bert Hellinger


“Todos, ate a geração de nossos bisavós e as vezes tataravós, que puderem ser lembrados, atuam em nosso sistema tal como se estivessem presentes. Mas atuam principalmente aqueles que, por qualquer motivo que seja, tenham sido esquecidos ou
excluídos do sistema” ( Bert Hellinger – Anerkennen was ist)
A dor e o luto são processos necessários para que possamos nos separar daquele(a) que partiu. Aquilo que os mortos nos deram, independente se bom ou ruim, forte ou fraco, leve ou pesado, continua atuando sobre nós. Quanto tomamos nas mãos o que nos foi dado por esta pessoa e agradecemos deixamos que o passado passe, e seguimos no presente, com os que foram em nossa alma.
(Parte integrante do artigo: Tanatologia e Constelação Familiar – apresentado por René Schubert ao I Simpósio de Constelações Familiares)










Nenhum comentário:

Postar um comentário