domingo, 11 de agosto de 2019




"...Eu não tenho pai..."

Uma vez trabalhei com um jovem, um rapaz de vinte e poucos anos. Ele se sentou e disse:
- Eu não tenho pai.
- Não dá para acreditar muito nisso - respondi.
Em primeiro lugar, porque eu podia ver com clareza a presença do Pai nele. Mas então ele disse:
- Não tenho pai porque sou filho póstumo: meu pai morreu antes de eu nascer.

Ser terapeuta, ao saber dessa informação, dissera-lhe que seria bom trabalhar a ausência do pai para ganhar força em seu caminho.
E isso tem certa lógica, porque esse filho não pode cultivar o dia a dia com o pai e experimentá-lo em sua criação. 
Mas eu via seu pai intensamente nele, muito mais que em outras pessoas que foram criadas com um pai, mas que acabam se tornando filhos prediletos da mãe, estabelecem com ela um vínculo excessivo e perdem em seu corpo e em sua energia o rastro paterno.

Então, fizemos uma constelação e representamos o pai, a mãe e ele.
Foi uma constelação muito comovente e pedagógica, porque a mãe sentia um amor e um respeito tão profundos pelo falecido marido que este chegava ao filho é fluía nele por meio dela. E foi muito bonito ver como a mãe, com seu amor, fazia que o pai estivesse presente para o filho. Este descobriu que seu pensamento, "Eu não tenho pai", era só isso, um pensamento: seu corpo estava cheio de seu pai porque sua mãe o havia feito presente.

Sem dúvida, um presente enorme que os pais dão a seus filhos é querer nele o outro progenitor, mesmo que a relação tenha acabado.
Os pais, de uma forma ou outra, em maior ou menor medida, estão sempre presentes em nosso corpo, em nosso coração e em nossa maneira de nos posicionamos na vida.

(Joan Garriga - O amor que nos faz bem )










Pais e Filhos
Quando um filho é mais importante que qualquer pessoa para um dos pais, isso não é um presente para ele, e sim uma carga pesada; não é adubo, mas seca disfarçada de encantamento. Os filhos não precisam se sentir especiais nem tem de ser tudo para os pais. Isso é demais.
É frequente que um pai projete em seu filho aquilo que lhe falta em seu companheiro ou nos próprios pais, ou aquilo que faltou em sua família de origem, ou aquele sonho que não pode realizar. E que o filho, por amor, aceite o desafio.
A preço, claro de sua liberdade e da força para seguir o próprio caminho.

Os filhos precisam se sentir livres para cumprir sua missão na vida. E tudo sai melhor quando tem apoio de seus pais e antepassados, é quando estão em paz com eles.

No entanto, sofrem quando um dos pais despreza o outro ou ambos se desprezam mutuamente, ou quando tem de se envolver excessivamente com um dos dois ou com os dois.
Se os pais se desprezam, para o filho é difícil não desprezar a si mesmo e não parecer a pior versão que o pai ou a mãe traçou do outro progenitor, pois, no fundo, um filho não pode prescindir de amar os pais e não deixa de fazer acrobacias emocionais para ser leal a ambos, inclusive imitando seu mau comportamento, ou seu alcoolismo, ou seus fracassos e destinos.

O que ajuda, portanto?
Que os filhos recebam um dos maiores presentes possíveis em seu coração: ser amados como são, e muito especialmente que por meio deles seja amado o outro progenitor, porque assim os filhos se sentem completamente amados, já que, de uma forma sutil e ao mesmo tempo muito real, um filho não deixa de sentir que também é parte de seus pais.

Para os filhos, seus pais continuam sempre juntos como pais.
Separam-se como casal, as vezes mesmo vivendo sob o mesmo teto, mas não se separam como pais.

Um dos grandes anseios dos filhos é ter os dois pais juntos no coração, não importa o que fizeram ou o que aconteceu, sem precisar tomar partido por um dos dois ou se alinhar com um contra o outro.

Pai e mãe - vocês podem dizer a seus filhos:
" Filho, continuo amando seu pai em você. E em você, continuo vendo-o e respeitando-o".

"Filha, você é o fruto de meu amor e de minha história com sua mãe, é vivo isso como um presente e uma benção".

"Filho, respeito o que você vive com seu pai/mãe, e como você se parece com ele/ela".

"Filha, eu sou só pai/mãe, mais que isso é demais".

Essas e outras frases alimentam o bem estar dos filhos.

(Joan Garriga - O amor que nos faz bem)

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