sexta-feira, 17 de agosto de 2018



POSSESSÃO E AUTO-RESPONSABILIDADE


"Quando a pessoa entende que recebeu livre arbítrio para tomar decisões, ela assume responsabilidade pela própria vida e passa a se enxergar não como peão do destino, mas como alguém que cria a própria realidade. Tendo dito isto, examinemos a questão da possessão.
O termo “possessão” tem origem antropológica, significando que a alma de um falecido entrou no corpo de um vivo. A imprecisão desse termo está no fato de não existir posse ou domínio completos, apenas graus de ressonância ou de influência. Os graus são: ressonância, sugestão, influência, obsessão e controle. Nunca posse ou domínio porque ninguém perde completamente o direito de possuir a si próprio, a própria alma e o próprio corpo porque, entre eles, existe uma conexão atávica e natural, uma relação única entre aquela alma específica com aquele corpo particular, sendo isso mais forte que qualquer outra coisa.
Nos graus de ressonância ou influência listados, há graus distintos de sintonia entre a alma da pessoa e aquela outra alma influenciadora. Por exemplo, alguém pode ligar o rádio, sintonizar uma estação, escutar a programação e, depois, desligar o rádio. Pronto: fim da conexão. Agora, pode ocorrer de a música estar na sua zona de significado pessoal, tendo uma ressonância maior, por exemplo, trazendo-lhe lembranças, dando vontade de chorar, de dançar, de não sair daquela estação, de não desligar mais o rádio, etc. Isto é, o fenômeno depende muito da sua vibração pessoal com aquilo que está sendo sintonizado.
Isso pode ocorrer com a energia de vivos e de mortos. Quando ocorre por causa de um falecido, pode-se notar a perda de vitalidade na pessoa afetada, às vezes confusão e desorientação, não sendo a pessoa capaz de sentir as coisas corretamente, por si mesma. Isso se dá por variadas razões: a pessoa que morreu vaga sem estar esclarecida de que morreu ou ela não consegue encontrar o caminho para o próximo nível. Esse problema acontece com aqueles que pereceram repentinamente, tais como as vítimas de guerra, de assassinato, de acidente súbito. Eles ficam traumatizados pelo choque, na energia do momento da morte, em uma espécie de looping, uma “parapsicose”, sem saber que faleceram. Podem estabelecer uma sintonia energética com alguém vivo suscetível ficando, com ele, conectado física e psiquicamente. Outras pessoas estão tão ligadas a coisas materiais, que não conseguem se desvincular destas, mesmo estando mortas: sobrevivem por longo tempo como uma energia metafísica nas casas em que habitaram, nas roupas e objetos que usaram, nas coleções que tinham, das pessoas com as quais se relacionavam, a partir do que se alimentam energeticamente como se ainda vivos estivessem. É algo mais do ambiente físico, um tipo de fenômeno que as pessoas chamam de “assombração”. Quando a maioria das pessoas consegue notar algo, a ocorrência é de um fantasma que influencia apenas os habitantes ou transeuntes dali, sugando-lhes a energia vital.
Dizer que essas coisas são frutos da imaginação é persistir com uma postura do passado, pois com a disseminação da informação, basta um pouco de boa vontade para fazer pesquisas e encontrar farto material de investigações. Existem inúmeros relatos e estudos disso, dentro e fora do Brasil. Um dia vou fazer uma compilação das pesquisas mais convincentes. Se você não acredita, não se preocupe pois ninguém se importa. Os fatos se impõem. Se foi assim até com o fato do homem ter pisado na lua, por quê iria ser diferente neste assunto?
Existem diferentes tipos de influência de antepassados. Nas constelações, o tipo que nos deparamos muitas vezes é o de ancestrais: a pessoa não só se identifica com um antepassado falecido, mas também é energicamente influenciada por ele. Razões? Conexões de sangue fortalecendo o elo conectivo. Meios? Pode ser mantido por sentimento de culpa depois que alguém morreu prematuramente, ter sido paparicada pelo falecido quando era pequena em substituição aos pais negligentes de afeto, vontade infantil de agradar o falecido, dificuldade de assumir o próprio lugar na vida, transferência inconsciente do campo de energia corporal para sustentar o falecido, a melancolia e o anseio da própria morte, vontade de ceder o lugar vital para o falecido, querer fazer algo que o falecido não conseguiu fazer. Grau? Desde ressonância até o controle. Tão logo se identifique à qual ancestral falecido os problemas estão conectados, essas influências podem ser resolvidas.
Existe possessão e influência entre vivos. Este tipo é muito difícil de lidar sem psicoterapia porque se trata de uma pessoa abrindo mão da sua energia, do seu self, para alimentar os interesses de outra pessoa: isto é, a sua própria energia vital é transferida para essa pessoa, causando cansaço e vazio, muito semelhante à posse de um falecido.
Existe influência que ocorre sobre a base de um problema psíquico de cisão de personalidade. Existe uma parte da personalidade da pessoa, mais adensada, não-integrada à experiência psíquica pessoal, que se torna aquilo que se chama complexo autônomo. Eu não me refiro ao problema psicopatológico apenas, mas à base que ele oferece para a ocorrência de influência de fato, de vivos ou de mortos.
Tem também o caso de pessoas que tem uma grande sensibilidade, mas que está não-trabalhada nem integrada e com um self enfraquecido. Nessa categoria, existem os paranormais (ou médiuns) que precisam ser trabalhados psicologicamente. Tais pessoas mantém uma atitude muito aberta a receber influência e funcionam como uma esponja de energias. O tema é complexo e polêmico e quis apenas lista-lo.
Tem também a possessão ou influência ocasionado por trabalho energético. Vou me restringir às constelações. Tem gente com dificuldade em estabelecer limites e abandonar completamente uma representação que fez, se distancia insuficientemente do papel, porque o representante que é fraco para estabelecer limites visto ele mesmo não estar centrado na vida. Muitas vezes, quer exercer o papel de “alma caridosa” (às vezes, para alimentar o seu narcisismo pessoal), por meio de uma atitude solícita, renunciando a si em favor do serviço dos outros, sacrificando para eles a própria energia. Também pode ocorrer de representar na sua própria constelação e ter bastante envolvimento com o falecido, que pertence ao próprio sistema familiar. Aí ocorreu um erro técnico do constelador, de ter deixado a pessoa representar o falecido. De qualquer forma, sinaliza que tem algo que precisa ser resolvido!
Outras pessoas negligenciam a etapa de roda do fim de cada constelação, que é relevante para se garantir uma limpeza apropriada depois da representação de papéis. Já vi gente que pula essa etapa para sair para comer, para fumar, para conversar e depois vem pedir socorro por notarem uma energia que não era própria estar acoplada, causando confusão ou dor.
Possessão ou influência não é algo ameaçador quando se consegue identificar por quais caminhos ela acontece. Depois de identificada, pode ser resolvida de forma rápida, fácil, serena e sem os efeitos especiais dos filmes de terror, tão associados a esse tema.
Você está convidado a participar das constelações onde esse problema e outros relacionados são trabalhados.
Se você leu até aqui, curta o artigo e siga a página para que ela possa continuar crescendo."

[Autor: Miguel Mello. Psicólogo. Constelador. Doutor. Escritor] - 
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