terça-feira, 29 de maio de 2018

Ordem de nascimento dos irmãos -

A ordem de nascimento dos irmãos


Texto escrito pela especialista em família e educação Dr. Gail Gross

"Você vai fazer uma viagem de carro com seus irmãos adultos. Qual desses três cenários mais se parece com você?

1. Você vem planejando a viagem há semanas, já cuidou das reservas de hotel e restaurante, trocou o óleo do carro e encheu o tanque. E até já mapeou as paradas para descanso ao longo do caminho.

2. Você passou a manhã na correria, tentando aprontar tudo. No final, jogou lanches e roupas na mala de qualquer jeito, na última hora. Se é você quem vai dirigir, está torcendo para encontrar um posto na estrada e encher o tanque, que está pela metade.

3. Viagem em família? Vai ser divertido! Você aceitou o convite porque vai ser uma curtição e não planejou contribuir com nada, exceto suas piadas e historinhas divertidas. Você curte os lanches que seus irmãos mais velhos trouxeram. Percebe que talvez precise comprar um agasalho mais apropriado quando vocês chegarem ao destino.

Se você se identifica com o cenário nº 1, é provável que seja o filho primogênito.

Se o segundo cenário o descreve bem, você é provavelmente o filho do meio.

Você se identifica mais com o cenário nº 3? O mais provável é que seja o caçula."

A ordem de nascimento faz diferença

Alguns pesquisadores consideram a ordem de nascimento tão importante quanto o gênero e quase tão importante quanto questões genéticas. É a velha história da natureza versus criação. Em minha experiência de educadora e pesquisadora, sei que não existem dois irmãos que tenham os mesmos pai e mãe, mesmo que vivam na mesma família. Por que? Porque os pais são diferentes com cada um de seus filhos, e não há dois filhos que desempenhem o mesmo papel. Por exemplo, se você é o filho cuidador, o papel de cuidador já terá sido tomado, e seu irmão escolherá outro papel para exercer na família, talvez o do realizador.

Somos pais diferentes com cada filho

Como pai ou mãe, você se lembra bem de seu primeiro filho. Foi aquele que você vigiava quando estava dormindo, para ter certeza de que continuava a respirar. Foi o bebê que você carregou no colo e amamentou e/ou para o qual esterilizou mamadeiras por mais tempo. Esse filho é o único que terá tido o monopólio dos pais; todos os outros filhos foram obrigados a dividi-los.
O filho primogênito nasce numa família de adultos que se orgulha de cada conquista dele e teme todo machucado ou acidente potencial. O filho do meio com frequência é dominado pelo primogênito, que é mais velho, sabe mais e é mais competente. Quando nasce o filho caçula, os pais geralmente já estão cansados e têm menos tendência a querer controlar tudo. Quando você tem seu caçula, já sabe que seu bebê não vai quebrar; logo, pode ser mais flexível em termos de atenção e disciplina. O resultado é que seu bebê aprende desde cedo a seduzi e divertir vocês.

O realizador, o pacificador e o brincalhão

Enquanto o filho mais velho é programado para alcançar excelência e realizações, o filho do meio é criado para ser compreensivo e conciliador, e o caçula quer atenção. Assim, a ordem de nascimento dos filhos é uma variável poderosa no desabrochar da personalidade de cada um.

O primogênito: o realizador

O primogênito provavelmente terá mais em comum com outros primogênitos do que com seus próprios irmãos. Pelo fato de ter sido alvos de tanto controle e atenção de seus pais, marinheiros de primeira viagem, os primogênitos são responsáveis até demais, confiáveis, bem comportados, cuidadosos --versões menores de seus pais.
Se você é filho primogênito, é provável que seja um realizador que busca aprovação, domina e é aquele perfeccionista que suga todo o oxigênio que há na sala. Você pode ser encontrado em profissões que requerem liderança, como direito, medicina, ou ser CEO de uma empresa. Como mini-pai ou mãe, também tenta dominar seus irmãos. O problema é que, quando nasce o bebê número dois, você tem um sentimento de perda. Ao perder seu lugar no trono familiar, você também perde o lugar especial decorrente da singularidade. Toda a atenção que era voltada exclusivamente a você agora terá que ser compartilhada entre você e seu irmão.

O filho do meio: o pacificador

Se você é filho do meio, é provável que seja compreensivo, cooperador e flexível, mas também competitivo. Você se preocupa com o que é justo. Na realidade, como filho do meio, é muito provável que escolha um círculo íntimo de amigos para representar sua grande família. É nesse espaço que encontrará a atenção que lhe faz falta em sua família de origem. Como filho do meio, você é quem recebe menos atenção de sua família, e por essa razão essa família que você escolheu é sua compensação. Como filho do meio, você está em muito boa companhia: presidentes americanos notáveis e celebridades como Abraham Lincoln, John F. Kennedy, Winston Churchill, Bill Gates, Donald Trump e Steve Forbes também o são. Embora em muitos casos você só se destaque mais tarde na vida, acabará em profissões poderosas que lhe permitam fazer bom uso de suas habilidades de negociador -- e também conseguir aquela atenção que lhe faz tanta falta.
Você e seu irmão mais velho nunca vão se destacar na mesma coisa. O traço de personalidade que o define como filho do meio será o oposto daquele de seu irmão mais velho e do menor. Mas as ótimas habilidades sociais que você aprendeu por ser o filho do meio --negociar e orientar-se dentro de sua estrutura familiar-- podem prepará-lo para um papel de empreendedor num palco maior.

O filho caçula: aquele que anima a festa

Se você é o caçula da família, seus pais já se sentiam confiantes em seus papéis de cuidadores; por essa razão, eram menos rígidos e não necessariamente prestavam atenção a cada passo ou marco seus, como fizeram com seus irmãos mais velhos. Assim, você deve ter aprendido a seduzir as pessoas com seu charme e simpatia.
Como filho caçula, você tem mais liberdade que os irmãos mais velhos e, em certo sentido, é mais independente que eles. Como o caçula, você também tem muito em comum com seu irmão mais velho, já que vocês foram tratados como especiais, dotados de certos direitos inatos. Sua influência se estende a toda a família, que lhe dá apoo emocional e físico. Logo, você tem um sentimento de segurança e de ter seu lugar próprio.
Provavelmente não o surpreenderá observar que os filhos caçulas com frequência encontram profissões ligados ao entretenimento, como atores, comediantes, escritores, diretores e assim por diante. Eles também dão bons médicos e professores. Como seus pais foram mais descontraídos e lenientes, você tem a expectativa de ter liberdade para seguir seu próprio caminho em estilo criativo. E, como o caçula da família, carrega menos responsabilidade, e por essa razão não atrai experiências responsáveis.

O filho único

Se você é filho único, cresce cercado por adultos e, por essa razão, com frequência sabe verbalizar as coisas bem e tem bastante maturidade. Isso possibilita ganhos de inteligência que excedem outras diferenças de ordem de nascimento. Tendo passado tanto tempo sozinho, você é engenhoso, criativo e tem confiança em sua independência. Se você é filho único, na realidade tem muito em comum com os primogênitos e também com os caçulas.

Pais: conheçam seus filhos

Em última análise, é importante para os pais conhecer seus filhos. Ainda mais importante que a ordem em que eles nasceram é criar um ambiente positivo, sadio, seguro e estimulante. Compreendendo a personalidade e o temperamento de cada filho, você pode organizar o ambiente dele de modo a aproximá-lo de seu potencial mais pleno. Por exemplo, sabendo que o filho primogênito tem grande senso de responsabilidade, você pode aliviar a carga dele, e reconhecendo que o caçula está vivendo em um ambiente mais leniente, você pode ser mais exigente em termos de disciplina.
A criança precisa ter direito de buscar seu próprio destino, seja qual for seu papel na família, e, como mãe ou pai, sua tarefa mais importante é apoiá-la nessa sua jornada individual.

Dra. Gail Gross -  http://www.huffingtonpost.com/dr-gail-gross/


 Pequeno adendo sobre Ordem e Hierarquia, no conceito das Constelações Familiares:
"Quando um mais novo assume algo de funesto em lugar de um mais velho, mesmo que seja por amor, ele se intromete na esfera mais pessoal de alguém que hierarquicamente o precede e tira dessa pessoa e de seus destino funesto sua dignidade e força. Nesse caso, do lado bom do destino difícil já não resta a ambos a coisa em si, mas apenas o preço pago por ela. 

Quando um filho infringe a hierarquia do dar e tomar, ele se pune com severidade, frequentemente com fracasso e o declínio, sem tomar consciência da culpa e da conexão. Isto porque, como é por amor que ele transgride a ordem ao dar ou tomar o que não lhe compete, não se dá conta da própria arrogância e julga que está agindo bem. Porém, a ordem não se deixa suplantar pelo amor. Pois o sentido de equilíbrio que atua na alma, anteriormente a qualquer amor, leva a ordem do amor a fazer justiça e compensação, mesmo ao preço da felicidade e da vida. Por essa razão, a luta do amor contra a ordem está no início e no fim de toda tragédia, e só existe um caminho para escapar disso: compreender a ordem e segui-la com amor. Compreender a ordem é sabedoria, segui-la com amor é humildade."

Bert Hellinger 


E, segundo o Journal of Research in Personality:

A teoria sobre esta relação foi proposta em 1920 por Alfred Adler, companheiro e amigo de Sigmund Freud. Segundo Adler, a ordem de nascimento de um filho em uma família tem um papel muito importante.
  • Primogênito (filho mais velho). Segundo Adler, o primeiro filho é mais conservador, tende a assumir um papel autoritário e possui qualidades de líder. Acostumado a cuidar e a proteger os irmãos mais novos, ele também é carinhoso e costuma a se transformar em um bom pai/mãe no futuro. Além disso, é uma pessoa que tem iniciativa.
  • Segundo filho (irmão do meio). Se deixa influenciar pelo irmão mais velho. Muitas vezes, luta para ser melhor do que ele. Costuma colocar metas mais altas para tentar ser melhor e, por isso, tende a fracassar mais. Não obstante, isso só o faz mais forte.
  • Filho mais novo (irmão mais novo). Em geral, está cercado de carinho e atenção. Pode se sentir inferior e até mesmo ser dependente. Não obstante, é motivado e sempre luta para superar os outros irmãos. Muitas vezes, se transforma no melhor na área escolhida, como esporte ou música, e se relaciona muito bem com as pessoas. Pode ser mais irresponsável e despreocupado que os outros irmãos.
  • Filho único. Muitas vezes, compete contra seu pai. Em geral, se esconde embaixo das asas da mãe e sempre espera que cuidem dele. Precisa de proteção. A dependência e o egocentrismo são traços muito fortes na personalidade de um filho único. Costuma ter dificuldades para se relacionar com pessoa da mesma idade que ele. Não obstante, é perfeccionista e sempre luta até o final para alcançar as metas estipuladas.
Uma pesquisa encontrou mais provas de que a ordem de nascimento influencia a formação da personalidade. Cientistas analisaram as personalidades de 370 mil alunos nos Estados Unidos. As principais conclusões foram essas: os primogênitos são mais honestos e propensos à liderança, além de menos sociáveis e resistentes ao estresse. Irmãos do meio são mais responsáveis e focados. Os filhos mais novos são mais abertos e sociáveis. Os filhos únicos, muitas vezes, se mostraram mais nervosos, mas amigáveis e sociáveis.

Concluindo... Na realidade, os dados das pesquisas mostram algumas imprecisões porque não consideram uma série de fatores sociais muito importantes, como a nacionalidade, a educação e as outras relações dentro da família. Sim, a ordem influencia a personalidade, mas a relação pai e filhos também deve ser observada, assim como as diferentes formas como os pais educam cada filho dentro da mesma família.


Para aprofundar a temática se sugere a leitura das obras:

Alfred Adler - A ciência da Natureza Humana
Bert Hellinger - A simetria oculta do Amor
Donald Woods Winnicott -  Objetos transicionais e fenômenos transicionais / O brincar e a realidade
Jacques Lacan - Os complexos familiares
Melanie Klein - Inveja e gratidão
René Kaës - O complexo fraterno
Sigmund Freud - Totem e Tabu





Quem pertence a nossa família?



1. Todos os filhos, também os abortados, doados ou esquecidos. Aqui contam tanto os meio-irmãos como os irmãos inteiros.

2. Os pais e os seus irmãos de sangue, também os abortados, doados e esquecidos.

3. Parceiros antigos dos pais. Eles se manifestam através dos filhos da próxima relação, se eles não forem vistos como pertencentes a família e reconhecidos como tal.

4. Os avôs. Porém sem os irmãos, havendo algumas exceções neste aspecto. Aqui contam também os antigos parceiros dos avôs.

5. Adicionalmente – e isto é uma novidade, que só veio à tona através da Constelação Familiar – também pertencem à família todos que, através da sua morte ou da sua perda, trouxeram alguma vantagem aos membros da família. Eles assim contribuíram para a sobrevivência da família atual e os seus descendentes.

6. Quando membros da família são culpados pela morte de alguém, as suas vítimas pertencem à família e precisam ser reconhecidas como tal.

7. Isto também vale ao contrário.  Se, na família, há vítimas de assassinos que não pertencem à família, estes também acabam pertencendo a ela. Isso se demonstra quando membros posteriores da família os representam, se esses não forem reconhecidos. Isto significa: os membros sentem a energia assassina daqueles dentro de si, mesmo se não sabem nada deles. Na verdade todos que nós rejeitamos ou ficamos culpados em relação a eles, serão mais tarde representados por outros membros da família, pelo menos no sentimento, mas muitas vezes também no comportamento.

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