A Indignação Constelação Familiar | Celma Nunes Villa Verde |
Quando nos tornamos indignados sobre uma situação qualquer, parece que estamos
do lado do bem e contra o mal, do lado da justiça e contra à injustiça. Parecemos então ser aquele que intervém entre o agressor e sua vítima de modo a impedir um mal maior. Contudo, pode-se também intervirentre eles com amor, e isso seria, com certeza, melhor.
Assim, o que o indignado quer? O que ele realmente obtém?
O indignado se comporta como se ele próprio fosse uma vítima, embora não seja.
Ele assume o direito de exigir uma reparação do agressor embora nenhuma injustiça tenha sido feita, pessoalmente a ele. Ele assume a tarefa de advogado das vítimas, como se ele tivesse dado a ele o direito de representá-las; e fazendo assim, deixa as verdadeiras vítimas sem direito.
E o que faz o indignado com esta pretensão? Ele toma a liberdade de fazer coisas más
aos agressores sem medo de qualquer consequência ruim para sua própria pessoa; pois
suas más ações parecem estar a serviço do bem, e assim elas não temem qualquer
punição. De modo a manter sua indignação justificada, tal pessoa dramatiza tanto a injustiça sofrida pelas vítimas quanto as consequências das ações da parte culpada.
Ela intimida as vítimas a verem a injustiça pelo mesmo modo com ela mesma vê.
De outro modo, caso as vítimas não concordem, tornam-se suspeitas e alvo de uma indignação justificada ,como se elas mesmas fossem agressores.
Da perspectiva da indignação é difícil para as vítimas deixar seu sofrimento ir embora,
e é difícil para os agressores deixarem sua culpa ir embora. Se às vítimas e aos agressores
for permitido encontrar uma resolução e uma reconciliação por seus próprios meios,
elas podem se permitir, uma a outra, um novo começo. Mas se a indignação entra em cena,
tal resolução é muito mais difícil, pois o indignado, geralmente, não fica satisfeito até
que o agressor tenha sido completamente destruído e humilhado, mesmo que isto, ao ser
feito, intensifique o sofrimento das vítimas.
A indignação é em primeiro lugar uma questão de moralidade. Isto quer dizer que
o indignado não está realmente preocupado em ajudar outra pessoa, mas comprometido
com uma certa demanda para a qual ele se proclama o executor. Deste modo,
ao contrário de alguém que ama, tal pessoa naõ conhece nem contenção, nem
compaixão.
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