quarta-feira, 8 de janeiro de 2014

Emaranhamento

Emaranhamento -  acontece quando somos puxados para um destino que não é o nosso e não temos consciência deste, e sendo assim não nos reconhecemos neste papel e não temos força de mudá-lo.

É bastante comum se gerar uma confusão ou emaranhamento - 

segundo as palavras de outro estudioso, o alemão Bert Hellinger

quando essa ordem é invertida, ou seja, nas ocasiões em que os pais colocam os filhos pequenos em seus papéis.


 Isso foi denominado por Ivan Boszormenyi-Nagy de ´parentificação´, uma vez se refere a uma troca injusta de papéis por a criança ou jovem não ter condição emocional, psicológica nem financeira para assumir o papel de cuidador de seus genitores. 

O adulto aparentemente ´desprotegido´ não está assumindo a responsabilidade por sua vida e, ainda por cima, a transfere para o descendente.



Teste se você possui emaranhamento sistêmico na relação afetiva – esclarecendo problemas de relacionamento afetivo e crises no casamento


Somos ensinados que nascemos vazios e inocentes, e o que ocorre na nossa vida é de responsabilidade nossa. Em parte é mesmo. 

Mas existe um detalhe que até agora não era visto: você sabia que herda dos seus familiares uma tendência de se identificar com emoções e situações vividas no seu passado familiar (que as vezes, você nem presenciou) e isto o induz a ter emoções, pensamentos e atitudes? Isso se chama “emaranhamento sistêmico”, e é trabalhado pela técnica da constelação familiar sistêmica.
No caso dos relacionamentos, esta identificação com emoções do passado faz com que tomemos atitudes que trazem problemas.

 E mais: a identificação com os emaranhamentos sistêmicos atrai pessoas com problemas semelhantes. Logo, a relação irá enfrentar turbulências, sem sombra de dúvida. Por outro lado, é bom entender que não são os problemas na relação que indicam se ela dará certo: é o quanto estamos dispostos a mudar, assumindo a nossa responsabilidade e deixando a responsabilidade do outro para ele que torna uma relação estável, forte e prazerosa.

Para isso é importante se conhecer, perceber as próprias emoções, ser sincero com elas e mostrar isso ao outro. Emaranhamentos sistêmicos, para serem “desemaranhados”, necessitam, em primeiro lugar, serem vistos.

Se você tem problemas na sua relação afetiva, quer saber se você age impulsionado por emaranhamentos sistêmicos? Responda as afirmações abaixo com um “sim” ou “não”. Todas as respostas “sim” podem indicar emaranhamentos. 

Analise as respostas “sim”, medite a respeito, acolha estas afirmações, sem culpa ou julgamento. Quanto mais você conseguir se desapegar naturalmente dos “sim”, menos estará identificado com emaranhamentos, e mais próximo de criar relacionamentos construtivos estará. Em alguns casos, pode ser indicada a terapia da constelação familiar sistêmica e o acompanhamento de um profissional sistêmico qualificado.

Leia as afirmações abaixo, e mesmo que não tenha acontecido o fato para você, perceba qual seria a sua resposta. Responda simplesmente com um sim ou não. Todos os “sim” podem indicar emaranhamentos sistêmicos.

1 – Você ainda se lembra de um primeiro amor na sua vida com saudades

2 – Num primeiro relacionamento, a separação ocorreu de forma tumultuada, com feridas para ambos os lados

3 – Você faz mais pelo parceiro(a) do que recebe dele(a)

4 – Você sente medo intenso de ser abandonado e ficar só

5 – Você se esforça para ser como o seu parceiro(a) deseja que você seja

6 – Quando você está numa relação, tem a tendência de sufocar o outro

7 – Você exige que o outro mude seu jeito, quer reeducá-lo, para que fique melhor

8 – Você sente que não é visto pelo parceiro(a) na relação

9 – Você não consegue entender o parceiro(a) e ver como ele(a) é

10 – Você não aceita o primeiro relacionamento do parceiro(a) como tendo sido importante a ele

11 – Você vê a relação com os seus próprios pais mais importantes que o próprio relacionamento

12 –Olha para a família do parceiro e tem dificuldade em aceitá-la

13 – Se seu parceiro(a) tem filhos, você se coloca como um pai ou mãe, tirando a importância do pai ou mãe biológica. Poderia até ter raiva do pai ou mãe do filho do seu parceiro.

14 – Você tem sentimento de mágoa e rejeição dos próprios pais

15 – Você tem a tendência de refazer o casamento dos seus pais de maneira melhor

16 – Você esconde do seu parceiro(a) o fato de ter feito (mulher) ou incentivado (homem) abortos ou esconde (ou não discute) outras situações emocionalmente difíceis, como a vontade de não ter filhos, por exemplo

17 – Você vê em si padrões de relacionamento com problemas repetidos

18 – Você se vê muito parecido com o pai, mãe, avós ou até tios, na forma de agir nos relacionamentos

19 – Você acredita que o outro(a) o fará feliz

20 – Você vê um relacionamento dos seus pais de forma boa, e faz de tudo para que a sua relação seja igual à deles

21 – Você costuma ser possessivo(a) e ciumento(a) quando está apaixonado(a) e cobra fidelidade do dele(a)

22 – Se existe filhos na relação, você os vê como mais importantes do que a própria relação afetiva com o parceiro(a)

23 – Quando um relacionamento termina, você se sente como se a vida tivesse acabado e talvez até tenha pensado em morrer


Caso você queira esclarecimento sobre “emaranhamentos sistêmicos”, deixe o seu comentário ou pergunta, e nós teremos prazer em responder sua dúvida.

fonte inernet. http://constelacaosistemica.wordpress.com/


Como se Posicionar Dentro da Família? (Alex Possato)

Imprimir
Categoria: Publicações
Data de publicação
Uma das características que demonstram emaranhamento sistêmico dentro de uma família é a confusão de papéis entre vários membros. Um pai não está no seu lugar – como pai ou marido, por exemplo. Ou uma mãe não está no lugar da esposa e mãe. Os filhos também não estão no papel de filhos, e muitas vezes interferem na vida dos pais. Da mesma forma, os pais querem interferir na vida dos filhos adultos. Irmãos querem mandar em irmãos. Você já viu situações como esta, não é mesmo? Tudo isso está fora da ordem.
Antes de falar sobre a ordem na família, vou explicar o que é emaranhamento: emaranhamento quer dizer que as pessoas não se encontram numa ordem adequada, onde o amor pode fluir por todos os membros familiares. As pessoas estão identificadas com situações do passado ou até com vivências de ancestrais, e por isso, não conseguem viver uma vida livre e plena, aqui e agora. Essa identificação com o passado impede de viver plenamente o aqui e agora, com toda energia vital. As emoções ficam distorcidas, um sujeito sente-se extremamente cobrado numa situação, sem ter tantas razões para isso, enquanto que outro se sente culpado, sem saber o porquê. E então, estas emoções distorcidas são jogadas para dentro do relacionamento familiar, com cobranças mútuas, acusações, sentimentos de culpa, gente se fazendo de vítima, outros chantageando, outros ainda agredindo… lembra até a comédia italiana Parente Serpente, de Monicelli…
Eu acho engraçado porque minha família não foge à regra… Bem, mas vamos ao que interessa: como se posicionar diante de tudo isso? Como trabalho com constelação familiar sistêmica, vou expor a visão de Bert Hellinger. Tenho visto muitas pessoas se libertando deste círculo vicioso de jogos, culpa e acusação, somente aplicando no dia-a-dia uma das regras que Hellinger chama de hierarquia. Lógico que não é tão simples, pois se estamos envolvidos em embrulhos familiares, estamos atolados até o pescoço destas emoções distorcidas, e temos nossa parcela de responsabilidade. Na verdade, temos toda a responsabilidade pela nossa felicidade! Nada é culpa dos parentes, sejam eles pais, irmãos ou antepassados.
Por isso, diria que a primeira parte da sua libertação é assumir a total responsabilidade pela própria felicidade. 
Assim, vamos falar das ordens. A primeira é: um pai ou mãe vieram primeiro. Eles deram a vida. Só este fato já é o suficiente para que o filho tenha profunda reverência por eles. E gratidão. Mesmo que eles não tenham suprido o filho com as necessidades de carinho, afeto e até mesmo materiais. Mesmo que tenham abandonado, maltratado, desprezado. Eles vieram primeiro. Sem eles, não teria a vida. E lógico, sem a vida, não teria o filho. Um filho que guarda mágoas ou até raiva dos pais está automaticamente desperdiçando energia que seria direcionada para a própria vida e para a criação dos próprios filhos – e sofrerá…
Parece duro, e sei que muitos pais deram razões para que seus filhos tivessem raiva e até ódio deles, mas este é o nosso quinhão de aprendizado espiritual desta vida. E quando percebemos que o que eles fizeram foi por absoluta impossibilidade e incapacidade de fazer melhor, e olhamos para os pais dos pais, começamos a acolher nossa vida e nossa infância como ela foi. Isso é libertador! Profundamente!
Por outro lado, os pais não devem mais interferir na vida dos filhos, a partir da idade em que eles estão prontos para a vida… e isso ocorre por volta dos 20 anos ou um pouco mais. Não digo que não deve haver relacionamento entre pais e filhos… o que eu digo é que, a partir daí, o filho deve se virar sozinho: os pais já deram o que era necessário para que eles crescessem. A felicidade ou infelicidade do filho não depende dos pais. Se eles se pegam nisso, é porque cobram os próprios pais de terem dado pouco, e transferem este sentimento de vitima aos próprios filhos… Depois falam que isso é amor. Pode?
E entre irmãos. O que Hellinger diz? Irmãos são iguais entre si. Ninguém tem que cobrar ninguém. Por uma questão temporal, o irmão mais velho tem um pouco mais de autoridade. Porém, entre adultos, isso é praticamente irrelevante. Não deve haver interferência entre irmãos. Não há esta necessidade, e se isso ocorre, mostra um emaranhamento sistêmico, onde irmãos se colocam no lugar de pai e mãe… Isso está totalmente fora da ordem.
Veja: estas regras são absolutamente simples, e se você analisar com cuidado, verá que são lógicas. Mas é importante dizer: elas são utilizadas principalmente onde existem questões emocionais, terapêuticas envolvidas. Pessoas estão sofrendo. Estão umas sobre as outras. Quando a relação é saudável, e lógico, respeitando as tradições culturais de povos onde as famílias são muito unidas, estas regras não são importantes. Mas quando existe esta confusão familiar, se aplicadas, principalmente após o trabalho com a constelação familiar sistêmica, elas produzem um resultado fabuloso de libertação para aquela pessoa que decide buscar sua liberdade, expandir sua vida e poder se dar mais ao próximo, às pessoas que realmente podem receber dela, ao invés de perder tempo e vida em relacionamento familiar distorcido. Somente assim, o verdadeiro amor pelos pais e pela família pode se manifestar. Sem culpa, sem cobrança, sem apego… e livre. 

E você? Como está a sua relação com a família?

http://www.consteladoressistemicos.com/


Histórias sobre constelações familiares: Destino ou emaranhamento sistêmico?

PARTE I
Há casos que não têm solução.
São muitas as dinâmicas sistêmicas que criam os sofrimentos das pessoas, os emaranhamentos familiares. 
As três grandes forças que atuam dentro do campo familiar, quando desrespeitadas, podem trazer fatalidades à vida das pessoas. Alguns questionam: é destino alguém que morre cedo? É destino quando nada dá certo na vida de uma pessoa?
Esta é a história de um homem que passou por psicoterapia durante dois anos. A psicóloga o encaminhou para a constelação familiar após constatar que o paciente não conseguia melhoras significativas. É a psicóloga quem dá o depoimento sobre esta história.
Este homem fez psicoterapia por duas vezes, não conseguindo manter-se no tratamento. Procurou, em uma terceira ocasião, mas também não permaneceu. Antes da terceira tentativa em psicoterapia, fez uma constelação familiar, com a proposta de entender qual era o motivo de seu sofrimento, e desejando buscar novos relacionamentos. Frequentava o psiquiatra e tomava medicamentos, apesar de não conseguir manter o tratamento. Faltava muito e usava os medicamentos com bebidas.
Casou-se por três vezes, tendo dois filhos do primeiro e um do terceiro casamento. Em um romance isolado, teve mais um filho. Na entrevista ou anamnese psicológica, relatou sobre a morte da mãe, dos ciúmes e da violência de seu pai, que também agredia a mãe. Essas informações, segundo ele, vinham de memória antiga, de quando tinha quatro anos de idade. O pai morreu por conta da bebida, quando ele era adolescente. Teve de trabalhar desde a idade de sete anos, por conta de ter perdido a mãe muito cedo. Mesmo após três casamentos e um romance, pretendia casar-se novamente e essa era uma busca incessante. Segundo ele mesmo, passou parte de sua vida buscando a mãe em seus relacionamentos. Não teve sucesso na vida profissional como um todo. Chegou a ser gerente em uma empresa, mas teve problemas e foi mandado embora. Comentou ainda que suas atitudes no local de trabalho foram errôneas, sentia que levava uma vida financeira desequilibrada com gastos excessivos, por isso dera errado. Seu filho mais velho sempre o enfrentou. Eram muito agressivos um com outro, ambos não reconheciam seu lugar no sistema familiar. Mostrou-se muito emotivo na anamnese e durante o tratamento.
Na Constelação evidenciou-se a dificuldade de relacionamento com o pai. O cliente já fazia exatamente igual ao pai: bebia muito.  Evidenciaram-se também a agressividade do pai em relação à esposa, o ciúme e o movimento de tê-la agredido com uma garrafa na cabeça. Durante a dinâmica, após o movimento da agressão do pai em relação à mãe, como se estivesse quebrando a garrafa, não conseguiu ficar no lugar, fazendo um movimento para sair do local. O filho não conseguiu se reconciliar com o pai. Dizia que pagava o preço por isso, não importa que preço fosse. Não se reconciliaria, não abaixaria sua cabeça diante do pai, não o perdoaria. Ele julgava e condenava o pai.
Quando decidiu constelar, preocupava-se em melhorar seu relacionamento com o filho. E quando colocou seus filhos, e em especial o adolescente com quem brigava muito, a terapeuta disse que ele era igual a seu pai. Também não olhava para seus filhos e que a violência dava o tom em suas relações familiares.
A irmã, após a constelação, em conversa com a psicóloga, relatou que o pai era muito violento com todos. O pai chegou a dar uma garrafada na cabeça da mãe. Na ocasião ficou caco na cabeça. Posteriormente apresentou um coágulo no cérebro. Num certo dia, a mãe sentiu forte dor de cabeça, enquanto dava de mamar para um irmão mais novo, foi levada ao hospital e posteriormente faleceu.
No próximo mês continuarei a história deste homem, que encontrou a morte, tão cedo como seus pais.
PARTE II
No mês passado iniciei a história de um homem que fazia psicoterapia, constelou uma vez e encontrou o destino que tanto buscou: a morte. Antes, no entanto, vivia como um ser humano comum: cresceu, trabalhou, relacionou-se afetivamente, teve filhos, trabalhou. Foi infeliz, como muitos humanos. Nada em sua vida funcionava como queria. O que dizia é que queria ser feliz, por este motivo, inclusive, não desistiu de casar, mesmo com três casamentos fracassados e um filho fora de um dos casamentos.  E buscou a ajuda da psiquiatria, da psicoterapia e da constelação sistêmica.
Durante a vida, este homem saiu muitas vezes bêbado de bares, pegando o volante e dizendo que estava ótimo para dirigir. Algumas vezes destruiu carros, se machucou e feriu também outras pessoas.
A sequência de acidentes
O primeiro acidente: o homem se separou da primeira esposa quando aconteceu o primeiro acidente. Ia a uma casa de prostituição em outra cidade e estava sozinho. Disse que estava nervoso e foi extravasar. Ao voltar do local, tinha bebido, cochilou e bateu gravemente em outro carro. Ele morava sozinho. Não sofreu nada grave, foram apenas arranhões.
O segundo e terceiro acidentes: em certa ocasião, comentou que tinha perdido três carros em acidente, um acidente aconteceu em uma semana e outro acidente em outra semana. Ele estava com uma mulher no carro em um deles, mas já estava casado pela segunda vez. Ele sempre bebia e cochilava. Nesse acidente com a mulher, ficou preso nas ferragens, mas conseguiu se soltar e soltou a mulher. A polícia a levou para o hospital. Depois da terceira separação, foi morar com a irmã.
O quarto acidente: um dia, foi ao bar com amigos. Estava de carona. Na volta, o dono do carro, estava sem carteira de habilitação e ele foi na direção. Todos tinham bebido. Eles bateram em uma carreta de usina, que tombou, achatando o carro. Nosso personagem principal estava sem o cinto de segurança e voou do carro. Este acidente fatal aconteceu em 2009, dois anos após sua constelação. Todos os que estavam no carro morreram.
O filho, bebendo como o pai, abandonando as esposas, o trabalho, a psicoterapia e o tratamento psiquiátrico, abandonava sua própria vida. Foi, ao longo do tempo, buscando a morte como o pai, inclusive através da bebida. Conseguiu encontrar a morte por meio do acidente, ainda que tenha tentado outras vezes, em outros acidentes. O último foi fatal.
Poderíamos relacionar os fatos com algumas dinâmicas sistêmicas. Entre outras dinâmicas, criticar, julgar, condenar o pai se contrapunha com o enorme amor que sentia por ele. Por este motivo fez exatamente como o pai, na violência, nos conflitos familiares, na bebida, inclusive morrendo cedo como ele. Pelos julgamentos, impossível ter uma vida boa, onde tudo dá certo. O sentimento de culpa por se sentir superior ao pai fez com que ele, apesar de suas habilidades e competências, não conseguisse ficar bem em nenhum de seus relacionamentos, nem em sua vida profissional.  Expiou, enquanto esteve vivo.
Outra possível dinâmica é a da busca da mãe. Só havia um meio de encontrá-la: na morte. E o que levou este filho tão pequeno a buscar sua mãe foi a dificuldade em relação ao luto e o amor sistêmico, que fluiu apenas em direção à mãe. Este, contudo, é o amor que adoece e que leva à depressão e à morte.
Contra amor tão infantil e grandioso dificilmente se pode ir.
Como afirma Bert Hellinger, há casos que não tem solução.
http://www.alumiar.com/index.php/holismo/1139-historiassobreconstelacoesfamiliares

História sobre Constelação Sistêmica: Eu não me libero

     
Era uma mulher que tinha dificuldades no relacionamento afetivo com o marido. Era seu primeiro marido, mas havia mantido um relacionamento com um primeiro namorado, de quem fez um aborto.
Constelou o seu casamento. Na constelação pôde-se observar o quanto ela estava indisponível para o marido, que também tivera relacionamentos anteriores.
Este havia sido casado por duas vezes, tendo alguns filhos vivos e outros abortos espontâneos e provocados em ambos os casamentos. Ambos, de fato, mostravam-se indisponíveis um para o outro. Ela olhando para sua família de origem, e ele olhando para a família anterior, com as parceiras anteriores e os filhos.
O casal estava para separar-se e, no entanto, durante os cinco últimos anos permaneceu junto. Ao longo desses anos, a mulher constelou sua família de origem e o homem fez uma constelação, onde pôde olhar para seus pais em uma dinâmica de brigas e confusões por conta de herança.
O relacionamento melhorou a cada constelação realizada, uma ou duas por ano. Foram constelados a família de origem da mulher, por parte de pai e de mãe, o seu relacionamento com o marido, dois abortos realizados por ela – um no primeiro relacionamento e outro durante o casamento; o relacionamento da mulher com a família atual do marido, incluindo as primeiras mulheres e os filhos dele. O marido constelou uma vez, e nesta constelação foi configurada sua família de origem.
No entanto, a mulher sentia-se ainda profundamente culpada, não conseguia se liberar para viver uma relação de amor com o marido, continuava brigando e com dificuldades relacionadas à sexualidade.
No último ano, ela trouxe o tema do casamento novamente. Sua constelação foi configurada com os movimentos do espírito, onde os representantes praticamente não verbalizavam sobre aquilo que vivenciavam dentro do campo. A terapeuta percebeu que algo realmente continuava fora do lugar para esta pessoa. Não importavam as pessoas da família presentes demonstrando apoiar o movimento para frente da filha. A própria filha não se liberava para seguir rumo ao futuro, especialmente a um futuro com o marido. Foram inseridos os dois bebês, com os dois pais.
Vamos trazer à memória nossa história: era uma mulher que tinha dificuldades no relacionamento afetivo com o marido. Sua última constelação foi configurada com os movimentos do espírito, e foram trabalhados os dois bebês, com os dois pais.
Observou-se que os bebês queriam que a mãe seguisse sua vida, sem pesos. Os pesos já haviam sido carregados, os preços pareciam já ter sido pagos. No entanto, a mulher não conseguia se liberar, não conseguia se perdoar. Olhava chorosa para os filhos abortados, com culpa e medo de sair dali, sem dar ou ter sossego. Outros movimentos ocorreram, porém ela não se liberou. E a constelação ficou assim, como algo sem solução.
Hellinger tratou deste tema em muitos de seus livros. Fica, realmente, um desejo de seguir, na morte, as crianças abortadas. Este é um conflito vivido por muitas mulheres. Como não morre, carrega o sentimento de culpa e a impossibilidade de ter uma vida boa, com paz e sossego internos.
Algum tempo após esta constelação, a mulher começou a mudar o padrão, tanto com o marido quanto consigo mesma. Relatou ter conseguido grandes avanços na vida afetiva e sexual com o marido, sentia-se mais livre, mudou outras situações em sua vida, para melhor.
Um tema proposto para a reflexão com esta mulher foi a justiça restaurativa. Este tipo de justiça ocorre hoje ainda em curta escala no Brasil, em maior em outras partes do mundo.
A justiça restaurativa opõe-se a justiça retributiva, punitiva, e visa a reparação de danos causados à vítima. Visa, ainda, a prestação de serviços à comunidade e a solução de problemas causados, tanto à vítima, quanto à família ou à comunidade. Propõe a reintegração da vítima e a ressocialização do agressor.
Relembrando nossa história: era uma mulher que tinha dificuldades no relacionamento afetivo com o marido. Sua última constelação foi configurada com os movimentos do espírito, e foram trabalhados os abortos praticados por ela e pais. Iniciamos a falar da justiça restaurativa, que propõe a reintegração da vítima e a ressocialização do agressor.

Em alguns sistemas familiares e em algumas constelações, mesmo sendo observado um movimento reconciliatório, todas as evidências apontando para a solução e a liberdade, o que se percebe é que a pessoa não consegue se liberar. 
Continua presa a padrões de sofrimento, a repetições quase compulsivas de dores e mágoas, de azedumes da alma, envolvendo a si própria e aos outros.
Por conta dos emaranhamentos estarem relacionados a padrões familiares, pode ser que o “crime” cometido seja realmente grave. Há ainda as hipóteses de que a pessoa tenha se “emaranhado” consigo própria, em vidas passadas.

Pensando no inconsciente coletivo e nas possíveis identificações e repetições de padrões de outrem, sem que sejam efetivamente familiares, torna-se dispensável essa discussão, que restringiria, em meu modo de ver, o trabalho com as constelações sistêmicas. 
De qualquer modo, o passado é passado e o que ocorre é que as pessoas não o deixam passar em inúmeras situações que implicam sofrimentos. Restaurar, reparar, aprender são conceitos que dificilmente são aplicados. Repete-se, quando o desafio é fazer diferente.
Há situações em que, percebe-se, existe uma necessidade de compensação.
 Muitas outras, no entanto, representam o amor infantil, tentando pagar preços que não cabem a pessoas de gerações posteriores aquelas onde o “crime” ocorreu. Há também aquelas situações que envolvem uma responsabilidade e uma culpa pessoal. Cabe, em todas, o questionamento: até quando vai a pena, o pagamento, a expiação.
 E estas perguntas são possivelmente respondidas apenas pelo campo sistêmico e pela pessoa que carrega a carga e paga o preço com o sofrimento. E cabe a esta pessoa também sua liberação, especialmente quando, após uma constelação e outras buscas, não se consegue alcançar a paz interna. 
Sabemos ainda que, quando não se libera, não se libera o outro também. Independente desse outro ter consciência dos laços, o aprisionamento é certo.
Aqui, a justiça restaurativa é vista como uma possibilidade de tomar responsabilidade, de reconciliação com sua família, com o(s) outro(s) envolvido(s) e, acima de tudo, consigo próprio.
 Deve visar a reparação máxima do “crime” cometido, envolvendo a vítima e o agressor; a reintegração da vítima e do infrator. Deve se pautar como um modelo de solução de conflitos, firmado certamente nos valores familiares, mas também em valores espirituais, 
que envolvem mais que a pena máxima, mais que o retributivo, mais que a culpa e a punição, mas uma pena que seja passível de restaurar o que for possível ser reparado, restabelecer a qualidade de vida emocional e espiritual. Lidar com os efeitos do “crime” e com as consequências futuras é um dos objetivos da justiça restaurativa comum, do sistema judiciário. 
Esta também visa os efeitos dos atos cometidos pela pessoa, incluindo os outros envolvidos, e o futuro. Aqui pode-se considerar o mesmo, e quanto ao futuro, que seja aquele onde possa ser possível fazer diferente. Um futuro onde, de fato, possa se liberar, se perdoar e seguir em frente. Onde se possa permitir que o passado finalmente passe.

fonte:http://www.alumiar.com/

Um comentário:

  1. Quando eu constelo, por problemas de relacionamento com meu filho, e ele não esta presente, e nem saiba que fiz a terapia, de alguma forma ele será tratado, mesmo morando com o pai?

    ResponderExcluir